Por meio de projeto, estudantes da UFSM trocam cartas com internos que cumprem medida socioeducativa

Vitor Zuccolo

Por meio de projeto, estudantes da UFSM trocam cartas com internos que cumprem medida socioeducativa

Foto: Beto Albert

Desde 2020, um projeto de extensão do curso de Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) tem trocado cartas com adolescentes que cumprem medida socioeducativa no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) da cidade. Batizada de “Escuta da palavra escrita”, a iniciativa, conta atualmente com mais de 10 participantes que, ao longo das semanas, estimulam os internos a escrever sobre diversas temáticas. O projeto começou durante a pandemia e, por conta disso, surgiu a ideia de  ser viabilizado por meio de cartas, já que, na época, havia o distanciamento social.


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Em março, o grupo retomou as atividades em 2024 e na primeira reunião, que contou com cerca de 25 pessoas, foi anunciada a abertura de vagas para participar da pesquisa. Os encontros são semanais e, além do projeto com foco na troca de cartas, outras ideias são debatidas nas reuniões, mas sempre voltadas ao fator psicológico do ser humano.

 
Idealizadora do projeto, a professora Jana Gonçalves Zappe, do Departamento do curso de Psicologia da UFSM, conta sobre o inicio do projeto e o que a motivou a elaborar a iniciativa, que ocorre já há quatro anos.


– Antes mesmo da pandemia, nós desenvolvemos atividades presenciais na instituição, e com a adaptação das atividades remotas, a gente percebeu que os adolescentes não teriam acesso ao computador e a outros recursos que nós tínhamos aqui na instituição. E essa ideia surgiu de uma prática deles, já que trocavam cartas com familiares, amigos e pessoas próximas, e a gente resolveu apostar nisso – afirma a professora, que ministra as aulas de psicologia em saúde e estudo em infância, adolescência e família. 


Processo 


Na época da pandemia, integrantes do projeto distribuíam as cartas e, ao mesmo tempo, recolhia as dos jovens. Atualmente, há caixa de correspondência no Centro de Atendimento Socioeducativo, instalada pelo grupo, para deixar e pegar as cartas semanalmente.


– Eles colocam as respostas, a gente vai lá, pega as cartas, responde, e coloca na caixa novamente, aí os professores das unidades entregam para os alunos – explica Jana Zappe. 

Foto: Beto Albert


Como a retomada do projeto em 2024 está na fase inicial, a coordenadora diz que a ideia é que a troca de mensagens ocorra todas as semanas, contudo, a periodicidade poderá mudar devido às demandas que os jovens têm enquanto estão no Case.  


Conforme a professora, há diferenças no processo de interação com os internos via carta e pessoalmente.


 É muito curioso, têm adolescentes que se expressam muito mais pelas cartas, em que eles têm uma privacidade muito maior para falar de si do que em um grupo. E adolescentes que se expressam melhor no encontro presencial. A gente vê como muito positivo eles poderem se expressar por um meio que, para muitos deles, é mais interessante – avalia a coordenadora do projeto sobre a participação dos jovens.


Ao longo dos quatro anos de atuação, o grupo já fez a troca de cerca de 300 correspondências. Recebidas, elas são arquivadas e, posteriormente, analisadas pelos integrantes do grupo para fins de pesquisa e compreensão das atitudes e vivências dos jovens.  


– É um conteúdo muito rico, muito semelhante a um processo psicoterapêutico formal. Eles gostam de falar sobre as vivências deles, de datas marcantes. E quando nós vamos propor algum tema, tentamos alcançar todos eles de alguma maneira – conclui a coordenadora.


O projeto “Escuta da palavra escrita” tem como perspectiva de continuidade até outubro deste ano, quando será feita a análise das trocas de cartas e a divulgação dos resultados da pesquisa.



Avaliação positiva

A psicóloga do Centro de Atendimento Socioeducativo, Katiusci Machado, revela que troca  de correspondências entre os estudantes da UFSM e os adolescentes gera curiosidade dos internos sobre a leitura do conteúdo escrito por eles. E avalia essa interação.    


– O convite sempre foi feito de forma integral, todos podem participar. E para alguns, poder se corresponder com alguém que eles não têm tanto vinculo, poder escrever algo de uma ordem pessoal, dos seus sentimentos, tem seus efeitos positivos em relação à conversa individual, por exemplo. A partir do momento em que recebiam a carta, eles começavam a responder imediatamente – relata  a psicóloga. 

O Case de Santa Maria disponibiliza 39 vargas e atualmente está com 33 internos.     




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